O buda vermelho

parece-me-2010-parque-das-ruinas

 

Como tudo que começa inesperado

aguarda o que virá depois

na loja chinesa

entrando sem saber o que queria

pela vitrine de muitos budas

de pedras, quartzo rosa, jade,

encontro a risada vermelha do buda de lacca…

 

num piscar perceptivo  de apreensão através de uma experiência com pensamentos aleatórios (desses que invadem o cérebro, que aparecem e desaparecem num mesmo movimento sem serem notados por nós, e que podem também nos conduzir a ações que não conseguimos entender) no breve espaço de tempo durante o qual as certezas vislumbram aparecer, descobrimos que tudo parece ter explicação. Logo as dúvidas se reapresentam como se ali fosse o espaço para onde temos sempre que voltar, onde estamos acostumados a ficar.

Desse modo o que chamamos de certezas estariam no tempo e as dúvidas em um espaço, ambos se cruzam e consequentemente fazem parte de uma única coisa.

Célia Cotrim

outubro de 2014

parece-me, 2010

Foto: Cristiane Geraldelli