PENSAR
Mais uma semana de vida.
Intoxicação de notícias, doença sem cura.
Na espiral dos acontecimentos me jogo e, muitas vezes, caio num abismo sem fim girando sem parar. Os fatos inesperados sobrevoam sem trégua nem bandeira branca.
Uma avalanche que invade cérebros.
Então concluo que nada muda a realidade.
Que, o que me parece ser, ter mudado, é apenas minha falta de conhecimento, agora adquirido.
Penso que sou eu quem muda de verdades. O fato é sempre o mesmo em si, eu é que me espanto. E o que me faz parecer novidade é apenas uma verdade desconhecida.
As mudanças são alheias a mim e ao outro, a quem observo, e fazem parte de um contínuo. Mas dependem de mim e do outro a quem observo: são apenas maneiras de olhar, de ver o mundo que exercitamos. Os espantos são causados por um simples movimento.
Assim, creio que não mudo a maneira que penso, penso até também que o outro não muda, como penso. É o espanto que muda minha maneira de pensar. Porque com o que me espantava eu me acostumo e talvez me acostume a não me espantar com o fato de que não consigo mudar.
Célia Cotrim
janeiro de 2015
Foto: Anabela Santos